Legislação e Políticas em Educação
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Ir para baixo
Tulio Sene
Tulio Sene
Admin
Mensagens : 9
Data de inscrição : 19/03/2021
https://lppe.forumeiros.com

Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil Empty Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil

Sex Mar 19, 2021 9:51 pm
NOMEAÇÕES NO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO FORJAM PROJETO TEOCRÁTICO NO BRASIL
Ronilso Pacheco – 17/03/21
Veja em noticias.uol.com.br/colunas/ronilso-pacheco

No dia 10 de março, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, despertou o alerta da comunidade da educação ao indicar a professora Sandra Lima Vasconcelos Ramos para comandar o órgão do ministério responsável pela coordenação de materiais didáticos.
O alerta se dá pelo histórico de Sandra Ramos, com sua defesa da "Escola Sem Partido", sua batalha contra a chamada "ideologia de gênero" e sua tentativa de tornar o criacionismo uma teoria reconhecida e ensinada na grade curricular das escolas.
“A presença de Sandra Ramos desperta em mim um outro alerta: o Ministério da Educação está se enveredando por um caminho teocrático. Em outras palavras, uma orientação religiosa cristã fundamentalista está se impondo no Brasil, ainda que sutilmente”
Ensino domiciliar x Diversidade na escola
Sandra Ramos vai se juntar a Carlos Nadalim, que é secretário de Alfabetização, discípulo de Olavo de Carvalho e herança da era Weintraub. Nadalim é árduo defensor tanto dos "valores cristãos" quanto do chamado homeschooling, o ensino domiciliar.
É verdade que existe um grande debate em torno do homeschooling e sua efetividade. Mas a questão do campo extremista olavista no governo é outra: é impedir que crianças tenham contato com uma educação plural e crítica e que sejam expostas a uma diversidade que não é tolerada no campo conservador.
O homeschooling seria a ruptura com a educação que é considerada "muito de esquerda" e "anticristã" e, no limite, influenciada por "ideologias comunistas". É a fuga para as montanhas, é impedir os filhos de aprenderem com uma escola em uma sociedade "deteriorada" ou "infiel".
Não é por acaso que o grupo, incluindo o próprio ministro, tem como inimigo comum o educador Paulo Freire, referência quase que unânime no mundo quando o assunto é educação. Além de um educador revolucionário, Freire é um nome importante para a Teologia da Libertação, que cristãos conservadores consideram "marxismo cultural" disfarçado de teologia.
Por que a aposta em escolas cívico-militares
Sandra Ramos também se junta à assessora especial de Milton Ribeiro, Inez Borges, cujo histórico de militância na chamada "educação cristã" é conhecido. Em um encontro evangélico de 2017, Inez afirmou que "a pedagogia começou a ser tratada de forma científica, desvinculada da igreja e da família e deixando a educação nas mãos do Estado".
Inez é profundamente envolvida com a organização Visão Nacional para a Consciência Cristã, de orientação conservadora. Ela chegou a gravar vídeo convidando para o encontro Consciência Cristã 2021, que aconteceu em fevereiro.
Não é por acaso que essas pessoas estejam em lugares estratégicos, assim como Benedito Aguiar Neto, presidente da Capes, fundação do Ministério da Educação com poder de decisão sobre financiamento de pesquisas e eventos acadêmicos. Presbiteriano e ex-reitor da Universidade Mackenzie, Benedito chegou ao MEC ainda na gestão Weintraub e foi um dos primeiros passos para garantir o controle e a vigilância de pesquisas e atividades que divulgariam conhecimentos que diferem do conservadorismo cristão.
Sem dúvida, um braço fundamental do projeto "teocrático" da educação está a cabo da construção das escolas cívico-militares, em que a administração e condução pedagógica é feita em parceria entre professores e demais funcionários civis e militares. Só no ano passado, em meio à pandemia, o governo federal implantou 51 escolas deste modelo.
A adesão ao projeto é voluntária. No entanto, o investimento prometido pelo Ministério da Educação e a promessa de que a escola passe a ter média de desempenho alcançado pelas escolas técnicas militares do país, transforma a proposta em uma escolha "dourada", desejada por muitos prefeitos e diretores de escola.
“Entre os objetivos das escolas cívico-militares, estão "a promoção de educação básica de qualidade; o atendimento preferencial às escolas públicas em situação de vulnerabilidade; o desenvolvimento de ambiente escolar adequado". E a pergunta inevitável é: por que uma escola pública precisa se tornar "cívico-militar" para ter esse atendimento?”
Uma parte da resposta está no próprio manual das escolas cívico-militares. O que é posto como disciplina rígida e exigência de maior compromisso dos alunos é na verdade uma formatação militarizada da vida estudantil, em que as noções de "autoridade", "disciplina", "hierarquia" e "valores" são diretamente forjados pela perspectiva cristã conservadora de garantir a supremacia cristã na sociedade.
Com dificuldades de interferir na "disciplina" das escolas públicas e enquadrar professores e matérias que seriam vistas como "esquerdistas", o MEC do governo Bolsonaro aposta nas escolas cívico-militares para que a autonomia dos professores nas aulas seja neutralizada pela disciplina, a ordem e o "bom comportamento" sob rígido controle militar, e cristão, fora da sala de aula.

Tulio Sene e LEONINA PRADO gostam desta mensagem

avatar
Fernanda Meirelles
Mensagens : 4
Data de inscrição : 19/03/2021

Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil Empty Opinião sobre o texto proposto

Ter Mar 23, 2021 5:39 pm
Analisando todas as informações do texto proposto e de acordo com o que acredito , penso que muitas crianças ainda não tem maturidade para tratar de assuntos relacionados, de modo geral, a questões de gênero e sexualidade nas escolas. Embora convivam com muitas tecnologias e podem ter acesso a diversas informações, e também por saber que muitas crianças despertam a curiosidade mais cedo é possível evitar tais situações com determinados controles.
É percebido também, que situações que são mais rígidas e severas elas são mais fáceis de serem cumpridas. Talvez seja estranho tal frase, mas quando é dado determinadas escolhas às pessoas, elas costumam ficar mais relaxadas.
Para termos uma ideia, nas salas de aulas, escutamos muitas vezes, que o professor mais rígido, que muitas vezes o denominam como bravo ( mas que permite que o aluno construa a aprendizagem com ele ensina e o aluno ) são os melhores, pois conseguem controlar a disciplina em sala de aula e compartilhar informações do estudo aprendizagem.
Enfim, quando se retrata em "transformar" a escola pública em escola militar, muitos são a favor por saber das situações e clientelas que muitas escolas recebem e enfrentam. E que simplesmente querer mudá-la não adiantará. O público precisa ter certa noção do " Nome" da escola e escolha para se adequar a mesma.

Tulio Sene, Milena Amzalak e LEONINA PRADO gostam desta mensagem

avatar
LEONINA PRADO
Mensagens : 6
Data de inscrição : 19/03/2021
Idade : 45

Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil Empty Re: Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil

Ter Mar 23, 2021 6:00 pm
Analisando as indagações do autor/Pacheco, o teor do artigo exige-nos no mínimo algumas breves reflexões. Me questiono, até quando a educação no nosso país será alvo de conspirações políticas? Até quando vamos nos omitir ou permaneceremos inertes quanto as questões de más políticas no Setor Educacional e outros?
Nossa sociedade não pode manter-se omissa ante a tantos movimentos revolucionários, ideologias, estudos e pesquisas já existentes, visando melhorias e educação de qualidade para o Sistema Educacional Brasileiro.
Me pergunto, no que posso eu, estudante do Curso de Mestrado em Gestão, Planejamento e Ensino, além de procurar ter conhecimento prévio sobre as ideologias e alguns princípios de nossos representantes, ou seja, antes de elegê-los, contribuir para com novas reformas e visões renovadoras para com o Setor Educacional?
Penso que, como estudante, devo no mínimo me questionar sobre os caminhos que nosso atual Sistema Educacional esta tendencioso a seguir, bem como sobre qual sistema de ensino gostaria que fosse ofertado a meus filhos e netos. É preciso atentar a sociedade e clarear a mente de nossos alunos sobre as questões que podem libertar ou aprisionar ainda mais nossa Educação.

Tulio Sene e Fernanda Meirelles gostam desta mensagem

avatar
LEONINA PRADO
Mensagens : 6
Data de inscrição : 19/03/2021
Idade : 45

Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil Empty Re: Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil

Ter Mar 23, 2021 6:45 pm
Enquanto a mentalidade da sociedade, principalmente a de nossos políticos, "representantes eleitos por cada um de nós", não se atentar para a necessidade de mudanças, inovação e progresso educacional no país, ao invés de interesses pessoais e de algumas classes, não haverá liberdade e nem renovação do Sistema Educacional. Na minha humilde opinião, desprezível a visão e distorção de certas politicas, quando adotadas com base em quaisquer interesses, que não sejam o da liberdade e/ou da não dominação social.

Tulio Sene gosta desta mensagem

avatar
Fernanda Meirelles
Mensagens : 4
Data de inscrição : 19/03/2021

Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil Empty Re: Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil

Ter Mar 23, 2021 6:56 pm
Concordo com você, Leonina no tocante a questão do Sistema Educação. Mediante a tantas transformações, tantos desejos e informações, qual é minha atitude perante a educação que está sendo ofertada e a que vem a ser ofertada aos nossos filhos? Estou de acordo? É só uma jogada política? Será se há realmente uma preocupada com ela?

Tulio Sene e LEONINA PRADO gostam desta mensagem

avatar
João Paulo Andrade Vilela
Mensagens : 3
Data de inscrição : 19/03/2021

Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil Empty Re: Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil

Qua Mar 24, 2021 10:56 am
Prezados, bom dia.

A questão ora proposta, como muitas outras debatidas em nossas aulas, é bastante complexa. Para que eu possa manifestar minhas impressões a respeito do tema, entendo ser importante destacar como premissa inicial que a política, de maneira geral, é inerente a organização da sociedade e se fará presente em todas as esferas do Estado. Sendo assim, obrigatoriamente, não há como desvencilhá-la do processo educacional e nem das discussões a respeito.

Isso, contudo, não pode servir de desculpa para os maiores contrassensos que temos visto no governo Bolsonaro, afinal, sua postura nas mais variadas searas é a negacionista, desruptiva e pouco razoável. Basta uma rápida análise deste governo, por exemplo,  no (não) enfrentamento da pandemia causada pela COVID-19. O Brasil vai muito mal.

Quando o assunto é educação, a percepção é a mesma. Desde sempre houve dificuldade em estabelecer-se a continuidade em um projeto de nível nacional para a educação. Estudando ao longo deste programa de mestrado a questão da educação no país no século passado, a saber, i num contexto de Brasil República e, após, no de um Brasil República Democrática por assim dizer, dadas outras especificidades, como por exemplo as dimensões continentais, é possível perceber que o(s) grande(s) projeto(s) de educação nacionais não chegaram a todos as regiões do pais e, se chegaram, ainda estão em tempos muito distintos, pelo que não conseguiram ser concluídos até hoje.

Pois bem. De posse de todo o arrazoado acima, nos últimos anos, para piorar toda a situação do sistema educacional brasileiro, estamos passando pelo governo Bolsonaro que, além demonstrar não pretender dar continuidade aos lentos passos que demos até hoje, pretende desmanchar toda a linha de construção de um projeto de educação no Brasil e substituí-lo por ideias e teorias que muito mais podem ser chamadas de "inferências" e "ilações" proferidas por pessoas investidas em cargos de comando as quais não possuem capacidade técnica, nem competência profissional para manifestarem-se a respeito de conceitos e métodos e de um projeto de educação no país.

Não pretendo aqui nesta manifestação defender de forma ferrenha e desarrazoada os governos anteriores, tomando estes como baluartes de um excelente projeto de educação para o país, isso não seria razoável. Mas não posso, da mesma forma, defender que o que temos passado neste último mandato é um situação respeitável. Estamos sob a batuta do amadorismo, do revanchismo de uma extrema direita apoucada mentalmente e que consegue, sem grande dificuldade,  ser rebatida com argumentos sérios e científicos. Isso, para que minha fala não soe somente como opinião sem embasamento.

Todos esses revezes que vem ocorrendo na educação, pela postura pouco profissional deste governo, também estão facilmente refletidas em outros setores da sociedade. No Direito, por exemplo, que é minha área profissional, não temos tido outra sorte. Política pode até ser "fla-flu", faz parte do processo democrático, mas o governo não. Por isso é que temos um sistema positivado, baseado em leis e um arcabouço jurídico que, a grosso modo, determina as "regras do jogo". Portando, negar a ciência, negar todo o trabalho de profissionais e pesquisadores que se debruçaram sobre uma causa a vida toda não é pensar um projeto para o Brasil.

Entendo e compartilho de posicionamento do jurista e constitucionalista Lênio Streck sobre divergência. Divergir é saudável para a sociedade e, sobremaneira, para a democracia. Mas precisamos saber como e no que divergir. Para embasar sua opinião, da qual transcrevo neste momento por comunhão,  Streck cita Ronald Dworkin em um de seus textos* publicados recentemente na no site Consultor Jurídico.

De acordo com Dworkin,  é possível discordarmos de duas formas: por divergências empíricas e divergências teóricas. Pois bem. Concordar ou divergir empiricamente é mais fácil, já que isto versa sobre fatos. Se algo aconteceu ou não. Posso, por exemplo, gostar ou não da implementação de escolas cívico-militares. Isso basta para conduzir a discussão e a divergência propriamente dita.

Todavia, divergir de forma teórica é mais complexo, já que isto não têm nada a ver com fatos, com uma situação, diga-se, palatável. É o caso, por exemplo, da negacionismo da ciência e da imposição de um projeto teocrático para o Brasil, notadamente no que diz respeito a um projeto educacional.  Para que uma situação desse calibre seja coloca à mesa para discussão, seja pelo governo, seja pela oposição, por técnicos da área, é imperiosa a argumentação teórica robusta e embasada, que é o que o este governo não se preocupa em fazer. Será que já temos jacarés andando por aí?

É por isso que, em minha opinião, vamos indo ladeira abaixo. A educação no Brasil é ruim, notadamente se comparada a outras nações, seja por baixa qualificação, pouca ou nenhum infraestrutura em muitas regiões, baixo índice IDH, entre outros. Soma-se a isso, nesse momento histórico, um governo que prega "achismos" dos mais estapafúrdios, que nega a ciência, a vacina, as políticas públicas e tudo o mais que podemos imaginar. Não há como vislumbrar uma perspectiva positiva.

E, a esse respeito, qual o nosso papel? Afinal, estamos aqui nos propondo a (re)pensar o processo e todo o sistema educacional.

Bem, nesse caso, penso ser nossa responsabilidade garantir lucidez e discernimento para manejar, seja na idealização, na propositura de ideias ou, mais ainda, na linha de frente desta batalha. A escola e a educação têm jeito. Os gestores da educação têm o dever de garantir o correto direcionamento aos operadores, alunos, pais e demais participantes do processo educacional no caminho da boa alfabetização, da comunhão e da divergência de ideias e de tudo o mais que possa enriquecer e aumentar a cultura e os conhecimentos de cada cidadão, para que este aprenda pouco a pouco a pensar e caminhar por si. A palavra é coerência.

Esta é minha - nada fácil - opinião.

Fiquem todos à vontade para comungá-la, refutá-la, enfim, debatê-la.

*Não foi possível colar o link do artigo aqui, o fórum não permitiu. A quem interessar, posso encaminhar.

Tulio Sene, Fernanda Meirelles e LEONINA PRADO gostam desta mensagem

Tulio Sene
Tulio Sene
Admin
Mensagens : 9
Data de inscrição : 19/03/2021
https://lppe.forumeiros.com

Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil Empty Re: Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil

Qua Mar 24, 2021 11:10 am
Interessantes os comentários até aqui. Na minha perspectiva, destacaria, por ora, dois pontos. O primeiro é que escolas de Ensino Médio com aporte de recursos federais são minoria. A questão passa pelo investimento. Isso é inevitável e me faz refletir sobre o comentário da Leonina quando menciona o fato de a educação ser objeto de conspirações políticas. Primeiro precisamos definir o que consideramos como conspirações políticas, depois podemos estimar melhor o tempo, seja para trás ou para frente. Concordo que o mínimo que demos fazer é levantar questionamentos. O segundo ponto é relativo ao método de abordagem de assuntos tão delicados quanto gênero e sexualidade. Não é fácil, mas com certeza a melhor forma não é eliminar esse tema dos debates, uma vez que as crianças estarão expostas a ele fora da escola. A questão é como fazer.

João Paulo, concordo com o seu posicionamento. Mas uma coisa também me chama atenção. Embora o governo atual mereça todos os seus comentários, é preciso cuidar para que ele também não vire um “boi de piranha” para todos os outros que, de forma correlata, mais desfazem do que fazem pela educação. É importante lembrar que foi no governo Temer que foi aprovada a Emenda Constitucional que instituiu o novo regime fiscal e congelou os investimentos em educação por 20 anos. Assim como dizia Brizola, se você está achando que esta é a pior legislatura que existe, espere para ver a próxima.

João Paulo Andrade Vilela, Fernanda Meirelles e LEONINA PRADO gostam desta mensagem

Lethicia Leal
Lethicia Leal
Mensagens : 4
Data de inscrição : 19/03/2021

Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil Empty Re: Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil

Qua Mar 24, 2021 1:25 pm
Boa tarde, caros colegas!

Vamos como pioneiros, tentar descobrir e explorar essa não tão nova ferramenta, mas inédita para nós como alunos do mestrado.
Sem dúvida, esse primeiro tópico propõe muitos desafios, por se tratar de um tema latente, atual e sensível, espero conseguir desenvolver com os colegas mesmo a distância.
Pensei muito no que escrever, e pensei em começar com uma frase interessante, que acho fenomenal para um debate, ainda mais à distância com um tema delicado, que envolve diretamente a política.
"Ouça para compreender, não para apenas responder"
Meu desejo mais sincero, seja que possamos ler os comentários dos colegas para compreender seu argumento, e não apenas para responder com o objetivo de "vencer" nos argumentos.

Depois de tantas delongas, vamos ao meu comentário sobre o texto.

Primeiro, a análise da tipologia textual, penso ser importante.
Publicado na coluna de opinião pessoal do blog UOL, de autoria de Ronilso Pacheco, e se trata de um texto argumentativo, sua estrutura de tese (afirmação), seguida de argumentação, tem com o objetivo de convencer o leitor da opinião do autor.
O autor faz críticas às decisões do governo federal vinculadas ao Ministério da Educação. No título do texto já evidencia que considera as nomeações do referido ministério como parte da implementação de um projeto de educação "teocrático" no país. Usa como argumento que as nomeações foram de pessoas que se relacionam com a ala cristã conservadora no Brasil, e cita as pautas defendidas pelos nomeados. Entre os diversos assuntos abordados pelo autor, gostaria de eleger três mais latentes para a reflexão.

1) Confecionalissmo Cristão
Na escola pública: Sabemos a a premissa legal é que o Estado é laico, portanto não tem uma confissão religiosa oficial. Claro que isso não quer dizer que o Estado é ateu e portanto o tópico religioso está fora de cogitação de ser trabalhado no ambiente escolar. Pelo contrário, lá deve ser lugar de debate e apresentação do pluralismo religioso, não só no país, mas no mundo. É inevitável quando se estuda religião, o aluno dar sua posição, e como a maioria do Brasil é confessionalmente cristã, é normal que dentre os alunos seja a ética e conduta comum. Mas não deve partir como imposição do Estado, jamais. O que não quero para mim (Estado impondo religião alheia) não quero para o outro.

Na particular: O Estado não deve proibir, nem coibir o funcionamento de escolas particulares confessionais. Tive a oportunidade de conhecer 3 tipos: estudei em um colégio confessional cristão (Presbiteriano), cursei graduação em uma universidade confessional católica, e tive a oportunidade de conhecer o complexo islâmico em Foz do Iguaçu, que tem a Mesquita, colégio e faculdade confessional islâmica.
Acredito que as comunidades de fé tem total direito de se organizarem para propor um ensino confessional aos seus alunos, parte da minha defesa de que a educação, legalmente, cabe ao Estado, mas também cabe a família.

2) Homeschooling

O homeschooling é muito utilizado em outros países no mundo, inclusive países que tem bons índices de educação. Para fazê-lo precisa-se de uma estrutura complexa: local, tutores, material, uma comunidade envolvida, e claro, isso envolve certa quantia de dinheiro. Acho que negar o direito da educação domiciliar usando argumento de que crianças pobres venham a não serem matriculadas na escola e exploradas no trabalho infantil, é na minha opinião um argumento de pouco apelo, pois nos outros países esse risco também pode acontecer. O homeschooling precisa de uma previsão legal bem elaborada, bem "amarrada" que condicione o ensino domiciliar a fiscalização prévia do local onde a criança reside, teste de capacitação para os tutores (sejam eles os pais ou contratados), revisão do material didático a ser trabalhado, e todas as outras fiscalização a qual uma escola particular é submetida para garantir a segurança das crianças. Claro, essas crianças cadastradas no programa de ensino domiciliar teriam que realizar testes para verificar o desenvolvimento da aprendizagem nos padrões que as escolas tem que cumprir, e também testadas seu desenvolvimento social para ver se tem momentos de convivência com outras crianças e adultos fora o lar.
A verdade é que apenas dois perfis de crianças seriam as ideais para essa modalidade: as que tem muito dinheiro, e não acham uma escola com o nível exigido aonde residem, e querem personalizar o ensino com tutores capacitados, ou as crianças cujos pais não tenham condições de pagar uma escola particular "boa", mas não querem colocar seus filhos no colégio público pois tem condição pedagógicas de ensinar de casa melhor do que o colégio. (ex: mãe que tem licenciatura, mas não trabalha para se dedicar aos filhos pequenos).
Quando ao argumento da socialização, também acho fraco, pois entre esses pais que desejam fazer educação domiciliar há uma comunidade instituída, fora o contato no bairro, na família estendida, na igreja etc.

Resumindo: uma legislação bem amarrada e fiscalização como ocorre nos colégios particulares, não seria um problema o ensino domiciliar. Mas ele vai atender 1 em milhão. Acho que é um direito de quem quer fazer corretamente, poder fazer. Mas acho que não vai impactar a educação brasileira como um todo de forma positiva.

3) Ensino cívico-militar
É difícil nomear até onde o ensino dos colégios militares é um sucesso por conta da disciplina e hierarquia, ou pela estrutura promovida pelas verbas. Eu acredito que ambos pesam de forma complementar, pois não adianta eu estruturar maravilhosamente uma escola que os alunos não tem senso de ordem de manter e cuidar daquela estrutura. Será depredada em poucos dias.
Não adianta fingirmos que não há vandalismo nas escolas, pois quantos relatos ouvimos de professores que tiram dinheiro do próprio bolso para promover algo melhor aos alunos e os equipamentos são depredados.

Porém o ensino cívico-militar não é pra todos, é uma questão de perfil do aluno. Tem aluno que se adapta super bem em um ambiente controlado, como disse nossa colega Fernanda, precisam de mais controle para se sentirem seguros e acabam por produzirem (aprendizagem) melhor. Mas é inocência acreditar que todos são assim.
Graças a Deus, temos o Google para quem não gosta de trabalhar sobre controle, e as Forças Armadas pra quem gosta. Há diferentes pessoas, com diferentes perfis, e há beleza nas nossas diferenças.

Sobre o governo, não vou me debruçar muito, pois por mais que falasse, seria uma análise rasa se não envolvesse falar de todas as nuances de tempos difíceis que vivemos.
Mas creio que a implementação teste de algumas escolas cívico-militares é muito mais uma jogada populista do que efetiva.

A população quer mudança, na escola, no próprio filho, na vida. E ela as vezes se agarra a alguns sofismas de que o sistema vai mudar seu filho e sua realidade, e conforme falei, o mesmo sistema não dá certo para todos! Ainda bem que temos pluralidade de escolas para isso.
É aquela velha história da mãe que teve uma vida difícil, e seu filho com 18 anos recém completados, "dando" muito trabalho, ela chega na porta do quartel das forças armadas e fala: pelo amor de Deus "pega" meu filho pra servir aí pra ver se ele dá jeito. E vai ser até pior se o filho entrar, pois crime militar é mais duro do que civil (usuário de drogas, faltar com a verdade etc).
Forças armadas não faz milagre, escola cívico-militar também não. Ela dá certo pra quem tem esse perfil.
Na cidade onde resido, pegaram apenas 2 salas de 1 escola para testar, e a fila de pais lutando por uma vaga é enorme.
O povo quer, mesmo que não seja o bom pra todos, o governo democrático populista faz o que o povo quer.

Tulio Sene e LEONINA PRADO gostam desta mensagem

Lethicia Leal
Lethicia Leal
Mensagens : 4
Data de inscrição : 19/03/2021

Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil Empty Testando a função de resposta ao comentário

Qua Mar 24, 2021 1:38 pm
" Assim como dizia Brizola, se você está achando que esta é a pior legislatura que existe, espere para ver a próxima.[/quote]"

Se tivéssemos conhecido Brizola, não teríamos acreditado no Tiririca quando disse que "pior que tá, não fica" rsrs Rolling Eyes

Tulio Sene e LEONINA PRADO gostam desta mensagem

Marcílio
Marcílio
Mensagens : 5
Data de inscrição : 19/03/2021

Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil Empty É assustador....

Qui Mar 25, 2021 12:02 am
Boa noite a todos.

Inicialmente quero dizer que notícias como essa vinculadas me assustam por vários motivos, principalmente por estarem acontecendo e quase nenhum de nós ter conhecimento a respeito. Mas, passando esse impacto inicial posso dizer que desde a antiguidade a política moveu e controlou o nosso mundo. É através da política que resolvemos questões divergentes, é pela política que defendemos o interesse público, é pela política que os cidadãos mais adequados deveriam governar em nome de toda a sociedade e para a sociedade. Mas a política se confunde com a politicagem, a forma errônea de fazer política. A politicagem engana, furta, comete fraudes e utiliza de manobras para administrar a seu favou ou a favor do grupo ao qual pertence de forma e trazer resultados ou mesmo impor de maneira não armada sua vontade para toda a sociedade.

Ao indicar apenas quem apoia e sempre seus mandos, seus interesses e suas crenças, aqueles que fazem a politicagem prejudicam toda a sociedade e impões sua vontade e desejos a todos.

Impor sua forma de pensar trata-se de algo retrógrado, desnecessário e impensável se considerar que vivemos em pleno século XXI, com a tecnologia e as ferramentas de comunicação rompendo fronteiras e reduzindo nossas distâncias.

Não é que eu seja opositor aos pensamentos e ideias relacionadas ao homescholling, as escolas cívico-militares ou a ideia de que Deus criou o universo e o homem, mas não é porque acredito ou deixo de acreditar que devo impor aos outros minha opinião como um positivista que acredita que chegou na resposta final da questão e que nada mais pode surgir a partir daquele ponto.

Precisamos entender que vivemos em uma estrutura na qual sofremos influência do ambiente e também influenciamos esse ambiente. Modelamos nossa realidade e criamos sistemas, mas esses sistemas devem e precisam sofrer atualizações e terem a possibilidade de receberem contribuições de vários pensadores, de vários pensamentos e de diversas religiões, classes, gêneros, idades, entre outros, ou seja, se aceitarmos apenas a opinião dos que pensam iguais a nós, estaremos desperdiçando a possibilidade de criar algo muito maior e de dividir com outros nosso conhecimento.

Tulio Sene gosta desta mensagem

avatar
IVAN
Mensagens : 1
Data de inscrição : 19/03/2021
Idade : 36
Localização : SOBRÁLIA MG

Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil Empty Re: Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil

Sex Mar 26, 2021 2:07 pm
Eu sinceramente não entendo o atual governo. Chegamos a um ponto em que discussões entre o rosa e o azul são entendidas como uma cor para cada gênero, mestrados bíblicos, intervenção militar e por aí vai. Como viver em harmonia social se não entendermos a diversidade que nos cerca? A escola é mais que um local de transmissão de conhecimento. Tratar de temas como sexualidade é difícil sim, mais existem meios de fazer com que o aluno entenda conceitos que o leve a indagar sobre outras situações. E tudo é baseado em níveis. Não podemos nos portar diante de crianças de 2 anos da mesma forma que em adolescentes e jovens. A prática do respeito começa cedo em casa e na escola.

Tulio Sene gosta desta mensagem

Tulio Sene
Tulio Sene
Admin
Mensagens : 9
Data de inscrição : 19/03/2021
https://lppe.forumeiros.com

Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil Empty Re: Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil

Ter Mar 30, 2021 11:12 am
Pluralismo, diversidade e igualdade. Lendo os últimos comentários fiquei com isso na cabeça. Esse pode até ser um novo tópico.

Concordo que devemos combater a ideia de que há um pensamento único a ser seguido. Concordo também que a situação é muito relativa, sendo inviável negar ou afirmar a eficácia de uma ou outra política pública educacional.

Gostei muito da interação. Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil 1f44f

Lethicia Leal gosta desta mensagem

avatar
Milena Amzalak
Mensagens : 4
Data de inscrição : 19/03/2021

Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil Empty NOMEAÇÕES NO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO FORJAM PROJETO TEOCRÁTICO NO BRASI

Dom Abr 04, 2021 7:26 pm
Ainda estou aprendendo a usar o forum, espero que dê certo!

Em relação ao texto proposto pelo professor, fica muito difícil assumir um partido ou lado em relação ao assunto. Temos escolas que funcionam bem no Brasil, e temos escolas marginalizadas e aterrorizadas pelos próprios alunos. Constantemente lemos a respeito de agressões aos professores e violência contra os colegas. Quando o dialogo e a flexibilização deixam de funcionar, acredito sim, que novas medidas devam ser tomadas. Sou contra o radicalismo e a lavagem cerebral, mas algo precisa ser feito para garantir estudo de qualidade e a frequencia escolar. Na minha época cantava o hino nacional antes das aulas, nem por isso me tornei uma pessoa ruim. Acho que tudo depende da maneira como lidamos com a situação e de nossa formação familiar, algo que sabemos que muitos estudantes não tem. Durante o mestrado o que mais escuto é que temos que ser transformadores, que temos que inovar, por essa razão, prefiro acreditar no poder da mudança, só assim terei esperança de que um dia faremos a diferença, garantindo educação de qualidade e igualitária para os jovens.
Conteúdo patrocinado

Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil Empty Re: Artigo: Nomeações no Ministério da Educação forjam projeto teocrático no Brasil

Ir para o topo
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos